16 de maio de 2025
18 de dezembro de 2024
Samba para Tainá
Alessandro Penezzi / Douglas Germano
E de repente
um abalo, uma revolução,
um desmantelo, atropelo da razão
Um susto, um faz que cai,
vai não vai, ai meu coração
Quando ela dança a gente (sempre) perde o chão
E eu todo encabulado, claro que corri para trás do violão
e vi que o tempo parava enquanto ela fluía
um passo um sauté
um giro e cai plié
et memê mon cœur s'est emballé, pra você ver
Encabulado eu corri para trás do violão
toquei pra ela é vi um sol sorrir pra mim
ao vê-la flutuar, meu pinho foi criar
esses acordes pra você, Tainá
2 de dezembro de 2024
Três Camisas
Douglas Germano (02/12/20024)
O Deuvanir tem três camisas
Uma xadrez, uma listrada e uma lisa
Lisa é branca, a xadrez vermelha e preta,
a listrada é verdinho bem fininho com bordô
que ele comprou com o que poupô, com o que guardô na caderneta,
a lisa era pra ser preta, mas desbota e ele trocô
O Deuvanir tem três camisas
Uma xadrez, uma listrada e uma lisa
Numa sambada o Deuvanir se apaixonô
Pois sambô com Marinês, sambô com Liza e com Dasdô
e decidiu que o coração iria dividir por três
e entregou um pedacinho a cada uma de uma vez
O Deuvanir tem três camisas
Uma xadrez, uma listrada e uma lisa
O Deuvanir lascou de ser namoradô
e definiu uma camisa pra usar com cada amô
Com Liza a branca, a listradinha só botou com Marinês,
e a xadrez, malandrinho, só usava com Dasdô
O Deuvanir tem três camisas
Uma xadrez, uma listrada e uma lisa
Mas Deuvanir saiu com Liza de xadrez
a lisa pôs com Marinês e a listradinha com Dasdô
e se enrolô e se rasgô e se lascô com todas três
e já comprô tudo outra vez, mas desta vez só de uma cor.
15 de setembro de 2024
Sozinho
Sozinho (Douglas Germano - 04 de janeiro de 2000)
25 de maio de 2024
Ramal
(Marcelo Cabral / Douglas Germano) 25/05/24
Jabaquara, Itapevi,
Luz, Perus, Poá,
Jundiai, Botujuru, Aracaré
Jundiapeba, Arthur Alvim,
Brás, Klabin, Mauá,
Guapituba, Grajaú, Barueri,
Itaquaquecetuba, Jurubatuba, Sé
Piqueri, Conceição, Mooca,
Jaraguá, Capão.
Vem o trem...
Tem não tem!?
Trem não tem!
Tem não tem!?
Trem não vem não sei quê tem!?
Tem não tem!?
Trem não vem - não sei que demora
não tem toda hora!
Aguardando ah ...
aguardando liberar
Aguardando ah …
a liberação do trecho lá
17 de fevereiro de 2024
Na Ronda
Douglas Germano – 17.02.2024
Na ronda
assopro na brasa,
marreta no berro,
a faca no cio
Na ronda
estalo no mato,
pancada na terra,
enxada no fio
Na ronda
é trilho de aço,
é trilha de guerra,
faísca e pavio
Na ronda
é forra no ato
acerto do trato
Com os ferros de Ogum
Ogum Yê! Patacuri Ogum Mô Yè!!!
Akoró
Mejé
Oniré
Ogum Yê! Patacuri Ogum Mô Yè!!!
Amené
Ogunjá
Alagbedé
A cabeça coroada, sentinela à mão a espada, Ogum
A cabeça coroada que nos guia pela estrada, Ogum
14 de abril de 2023
Maria-meu-bem
Douglas Germano / Roberto Didio - 10.04.2023
Maria-meu-bem, Faz-xodó
Ela é Fogosa também
Maria-meu-bem
Que apelido a pinga tem?
Cura-tudo, borbulhante, limpa-goela, teimosinha
Roxo-forte, manduraba, três-martelos, danadinha.
Bataclã, desmancha-samba, santa-branca, tinguaciba
Chica-boa, pau-no-burro, forra-peito, pindaíba
Januária, pé-de-briga, birinite, bagaceira
Preciosa, dona-branca, lanterneta, dormideira
Aguarrás, assina-ponto, perigosa, senhorinha
Talagada, lamparina, limpa-olho, caianinha
Amorosa, pau-selado, catiguenta e abrideira
Água-bruta, baronesa, já-começa, pau-pereira
Cascavel, desmanchadeira, engenhoca, guarupada
Meu-consolo, canha, óleo, água-benta, concentrada
Venenosa, linha-branca, caxaranga, danadinha
Café-branco, cumulaia, pringoméia, cipininha
Cobertor-de-pobre, uca, supupara, calibrina
Ariranha, lamparina, mamadeira, canjebrina
Monalisa, Lisa, Mona
Agua-benta e Vai além
Maria-meu-bem
Que apelido a pinga tem?
Bate fundo em Madureira
Dona Branca de Xerém
Maria-meu-bem
Que apelido a pinga tem?
Incha pé, Mamãe-sacode
Tetezinho do neném
Maria-meu-bem
Que apelido a pinga tem?
Comecei em Brás de Pina
Fui parar em Santarém
Maria-meu-bem
Que apelido a pinga tem?
10 de abril de 2023
Tem cada coisa...
Douglas Germano / Roberto Didio
Tem coisa que dá em todo lugar
Tem coisa que é muito difícil de achar
Tem coisa que dá em todo lugar
Tem coisa que é muito difícil de achar
Gente canalha e picareta
É coisa que dá em todo lugar
Aplique, trapaça, caô e mutreta
É coisa que dá em todo lugar
Mas procedimento leal e lisura
Palavra sem curva, noção e postura
Amigo de fato que dá pra contar
É coisa que é muito difícil de achar
Bola no pé do Zé Perneta
É coisa que dá em todo lugar
Aplique, trapaça, caô e mutreta
É coisa que dá em todo lugar
Mas chute bonito, golaço perfeito
Jogada de craque, chamando no peito
Boleiro de fato que sabe lançar
É coisa que é muito difícil de achar
Chope ruim na caldereta
É coisa que dá em todo lugar
Aplique, trapaça, caô e mutreta
É coisa que dá em todo lugar
Mas chope tirado com todo carinho
No copo dourado, pressão, colarinho
Aquele schinit que faz salivar
É coisa que é muito difícil de achar
Taco espirrado de veneta
É coisa que dá em todo lugar
Aplique, trapaça, caô e mutreta
É coisa que dá em todo lugar
Sinuca de bico, tabela no fundo
Que deixa bolado qualquer vagabundo
Aquela matada que para o bilhar!
É coisa que é muito difícil de achar
Verso sem força na caneta
É coisa que dá em todo lugar
Aplique, trapaça, caô e mutreta
É coisa que dá em todo lugar
Real partideiro que rima na hora
Que pensa ligeiro, que nunca decora
Malandro no samba que sabe versar
É coisa que é muito difícil de achar
Métrica para o improviso:
Loira de sobrancelha preta
É coisa que dá em todo lugar
Conta de bar na caderneta
É coisa que é muito difícil de achar
Chifre enfeitando a silhueta
É coisa que dá em todo lugar
Corner direto na gaveta
É coisa que é muito difícil de achar
Pobre jogado na sarjeta
É coisa que dá em todo lugar
Seca milhar na borboleta
É coisa que é muito difícil de achar
Canalhocrata na vinheta
É coisa que dá em todo lugar
Sax tenor que nem Proveta
É coisa que é muito difícil de achar
Pejí
Douglas Germano - 10.04.23
Para Roberta Oliveira
O meu sagrado pisou chão
O meu sagrado trabalhou
O meu sagrado construiu, forjou, cerziu, sangrou a mão
O meu sagrado teve cria
o meu sagrado foi de fé
Ao meu sagrado eu ergui esse Peji, a minha Sé
Malandro, boleiro, estiva , 171
Do bicho, do torno, do trem, da viração,
da obra, do cimento, do tormento, do rojão
O meu sagrado é humano, é profano...
é meu irmão!
Carola, biscate, boleira, vende avon
Rendeira, enfermeira, chofer de caminhão
Cozinha, benze, guia, conduz o pavilhão
O meu sagrado é humano, é profano...
é minha irmã!
16 de outubro de 2022
Desbancando Gordon Banks
(Douglas Germano / Luiz Antônio Simas - 08.09/2022)
Quando por três Tostão passa ciscando
Metendo caneta em Bobby Moore
A velha Albion cai no gramado do Jalisco
E a flecha, como um risco, entorta Excalibur.
Cruzada, a redonda vê o Rei
Soberano como o Manicongo
Que preciso como arqueiro zen
Sente o Furacão rente ao ombro
E a bola, rolada com brandura
Só espera a bomba do Miúra
Pra porrada que desbanque Gordon Banks
E é gol do sete marupiara!
Socam o ar os canários amarelos
Feito as ibejadas nos terreiros
No meio-dia de Guadalajara.
7 de maio de 2022
Jereco e Capucheta
Douglas Germano / Luiz Antonio Simas - 07.05.22
Cafifa, pandorga, pepeta
Piposa, cangula, curica
Morcego, banda de asa, duas varetas, suru.
Jereco e catreco fuleiras
Merrecas como a capucheta
De papel de pão.
Na Ilha da Madeira é joeira.
Pro alemão, sem cerol, é dragão.
Exu Mirim solta pipa na cachoeira
(Voou tá na mão seu moleque
Cortou, tá na mão.)
Avisa que vem o meganha
Debica como o menino
Batendo bronha:
A arte de beijar o céu
Com os pés no chão.
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Duas cartas são expostas. Normalmente, um valete e uma dama ou um ás. É um jogo para muitos jogadores ou para quantos couberem na mesa...
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Criva a ideia em palavra. Cria a memória em movimento. Rito em tudo que se move: O que nós somos? O que nós fomos? E o que seremos?...