Na ronda
assopro na brasa,
marreta no berro,
a faca no cio
Na ronda
estalo no mato,
pancada na terra,
enxada no fio
Na ronda
é trilho de aço,
é trilha de guerra,
faísca e pavio
Na ronda
é forra no ato
acerto do trato
Com os ferros de Ogum
Ogum Yê! Patacuri Ogum Mô Yè!!!
Akoró
Mejé
Oniré
Ogum Yê! Patacuri Ogum Mô Yè!!!
Amené
Ogunjá
Alagbedé
A cabeça coroada,
A cabeça coroada
No trompete, no sax, no jazz
No poema deitando no flow
Um direto no queixo, caiu
Uma cesta de três pra fechar
A ginasta no pódio subiu
Mas ralou no terrão pra chegar
A Zelite não gosta de forró
A Zelite no samba, que caô
Ó comadre Zelite, tenha dó
Paraíba, meu bem
Zelador, popstar
Mas surfista de trem
Faz vagão virar mar
Não carece sofrer
Pra se vangloriar
E você? Quero ver!
Não consegue criar
Nada sabe fazer
Você sempre foi de atrasar
Capoeira é que sabe girar, jurar, vingar, gingar, jogar
Faço fé nesse povo que faz
Faz o fole sorrir no baião
Dominguinhos, maestro sagaz
Era filho de mestre Chicão
O moleque no pulo venceu
Na corrida do ouro saltou
Mais um samba bonito nasceu
Um João que João já cantou
A Zelite não gosta de forró
A Zelite no samba, que caô
Ó comadre Zelite, tenha dó
Faço fé nesse povo que traz
Tudo isso no seu matulão
E você tá querendo cartaz
Mas Zelite não faz nada não
sabiá, caninana
batucada, padê
tripa de fora, futum, cecê
gira (na rua) de ogunhê:
tudo é
samba.
Briga de faca, puxada de ferro, riso
nos infernos
catiço no encosto, o lusco-fusco no
berro tosco
fora de moda, (de) fera sem mata
canto de lírio no mijo
ouro escondido na lama
acorde que arde.
Vida ferida de
morte pela bola
sete:
Arte.*
Nem sei que mais fazer desse menino.
Não come, pra dormir se queixa,
se aquieta e deu de olhar pro ar.
Reclamou de frio e veio no meu colo
trouxe pra senhora olhar...
Valei-me meu Senhor São Bento!
Acorre, Maria! Bendiz, Jesus!
Com dois te botaram, com três eu te tiro
e jogo que o vento vai carregar.
um rio-pavio, um vulcão.
O Rei, que a lei-razão,
cravou em rocha a mão.
Ruge, Leão de Jerônimo!
Troveja, Xangô!
Verte teu axé
em nosso caminhar,
nos cegue a sanha de injustiçar.
Certe com o Oxé
Kawò Kabiésile Obá
A quarta-feira, é dia santo!
Vermelho e branco pra louvar Xangô!
issaqui diz que num pode
acho até que podê, pode,
mas é bom num arriscá, não
quando num pode, pode ser
que dê é bode
nem sei se bode pode
bodejar no baião
Um pode e num pode
de rachar o quengo
num tamo podendo nem palavrear
e quem diz que num pode
tudo tá podeno
e a gente só veno
ele se arrumá
Mas issaí num infrói
e também num contribói
Nós semo tudo da lida
trabáia que dói
é preto é branco é mané
de fé, pagão ou muié
Tudo explorado
que os homi
mói como quiser.
Mas issaí num infrói
e também num contribói
Nós semo tudo da lida
trabáia que dói
Larga desse cunversê
e manda o povo juntá
os homi vão é corrê
se a crasse se infezá!
Surdo, tamborins e cuíca: Douglas Germano
Carijó cocorou e abriu a asa
Mariposa pousou dentro de casa
Cururu canta todo petulante
e o Aracati deu seu rasante
o Pau d´arco florou todinho em cacho
já tem pedra que está suada embaixo
e Tetéu chega em bando e faz zuada
tem Profeta que deu hora marcada
pra beleza do mundo despertar
José venha cá, venha ver
essa terra colorar
e a vista da gente umedecer
José venha cá, venha ver
essa terra colorar
e à vista da gente umedecer
No alvor acorreu Santa Luzia
e a pedra de sal tava minada
cupinzeiro danou na revoada
teve céu vermelhão no fim do dia
Acauã já faz tempo que assovia
João de Barro fez casa no poente
viram sol prateado no nascente
Pé de pau tudo tá soltando casca
Quem não crê em José logo se lasca
de ver tanta beleza despertar
essa terra colorar
e a vista da gente umedecer
José venha cá, venha ver
essa terra colorar
e à vista da gente umedecer
Moringas, pandeiros de adufe, caixa, agogô, triângulo: Douglas Germano
Flauta: João Poleto
Coro: Dulce Monteiro, Ivan Ribeiro, Loreta Colucci, Luciana Vieira, Maraísa, Marcelo Santos, Negravat, Rita Bastos, Rodrigo Morales e Tania Viana
Dir. Musical e Arranjo: Douglas Germano
O Xaxará chacoalha quando chama
A peste, a morte, a vida rara?
E no chacoalhar ampara o drama
De quem mora entre o morro e a lama
espalha o pranto lento
como o canto tenso
do silêncio.
jamais entenderão que a palha
do mistério cobre o mundo
e assombra a peste da loucura
O Xaxará chacoalha: Atotô!
E cura
Violoncelo: Thiago Faria
Coro: Dulce Monteiro, Ivan Ribeiro, Loreta Colucci, Luciana Vieira, Maraísa, Marcelo Santos, Negravat, Rita Bastos, Rodrigo Morales e Tania Viana
Arranjo: Douglas Germano
Quando por três Tostão passa gingando
Metendo caneta em Bobby Moore
A velha Albion cai no gramado do Jalisco
E a flecha, como um risco, entorta Excalibur.
Cruzada, a redonda vê o Rei
Soberano como o Manicongo
Que preciso como arqueiro zen
Sente o Furacão rente ao ombro
E a bola, rolada com brandura
Só espera a bomba do Miúra
Pra porrada que desbanque Gordon Banks
E é gol do sete marupiara!
Socam o ar os canários amarelos
Feito as ibejadas nos terreiros
No meio-dia de Guadalajara.
Violão e Voz: Douglas Germano
Atabaques, repeniques, tamborins, caixa de fósco: Douglas Germano
Coro: Dulce Monteiro, Ivan Ribeiro, Loreta Colucci, Luciana Vieira, Maraísa, Marcelo Santos, Negravat, Rita Bastos, Rodrigo Morales e Tania Viana
Dir. Musical e Arranjo: Douglas Germano
guarda as cores do mundo,
arco-íris no olhar
Branco,
pano cândido, alento,
luto e sacramento,
Ihram e Agbadá
Veste a fé do ofício,
amansa o que é difícil,
singela valentia sagaz
despojo, sacrifício,
grandeza e desadorno da paz
centelha, esquecimento,
o búzio, os segredos de Ifá,
seiva-mãe que a vida acende,
o saber que compreende
uma pedra no Adé de Oxalá.
Violão e Voz: Douglas Germano
Atabaques, ferros, güiro, claves: Douglas Germano
Violoncelo: Thiago Faria
Coro: Dulce Monteiro, Ivan Ribeiro, Loreta Colucci, Luciana Vieira, Maraísa, Marcelo Santos, Negravat, Rita Bastos, Rodrigo Morales e Tania Viana
Dir. Musical e Arranjo: Douglas Germano