Ratapaiápatábarreno
Douglas Germano | Maio 2014
Mas é que a língua de quem fala,
quem ouve não tem.
Mas é que a língua que não ouve,
não fala também.
A dona dum forró lá no Muquém
riscô a tabuleta, buto na parede,
fez uma careta e num agrado ninguém
Dizia a praca:
"Oli Oli, tá poribido, experéssamente, a partiruoje pé de foice aqui" !
Fui assuntá:
— Ô Dona Derfina! Paquê poribissão nesse imenso fim di mundo?
Ela me disse que os pé de foice
rica tudo o cacolac le arranca os taco tudo
Os pé de foice num sabe xaxá
e os taco soto? Ratapaiápatábarreno
Mas é que a língua de quem fala,
quem ouve não tem.
Mas é que a língua que não ouve,
não fala também.
A dona dum forró lá no Muquém
riscô a tabuleta, buto na parede,
fez uma careta e num agrado ninguém
Dizia a praca:
"Oli Oli, tá poribido, experéssamente, a partiruoje esse baêro aqui"
Fui assuntá:
— Ô Dona Derfina! Paquê poribissão nesse imenso fim di mundo?
Ela explicô que dinhêro rá gastô
po chero num virá fedô sapecano glêde
po chêro num virá fedô? Rabutoglêde
Pá num dá bicho vuadô? Rabutoraid
Mas é que a língua de quem fala,
quem ouve não tem.
Mas é que a língua que não ouve,
não fala também.
Por inspiração do olhar aguçado de Everaldo F. Silva.
2 comentários:
Sensacional. E sem a Veia e o Alemãozinho do Alemão, eu não ia fazer as paiassada. Eita, gota!!!!
Mas isso é muito bom dimais da conta!!! O que pode a língua desse povo é umas maravilhas que sacode tudo!!!
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