Sozinho (Douglas Germano - 04 de janeiro de 2000)
15 de setembro de 2024
Sozinho
25 de maio de 2024
Ramal
(Marcelo Cabral / Douglas Germano) 25/05/24
Jabaquara, Itapevi,
Luz, Perus, Poá,
Jundiai, Botujuru, Aracaré
Jundiapeba, Arthur Alvim,
Brás, Klabin, Mauá,
Guapituba, Grajaú, Barueri,
Itaquaquecetuba, Jurubatuba, Sé
Piqueri, Conceição, Mooca,
Jaraguá, Capão.
Vem o trem...
Tem não tem!?
Trem não tem!
Tem não tem!?
Trem não vem não sei quê tem!?
Tem não tem!?
Trem não vem - não sei que demora
não tem toda hora!
Aguardando ah ...
aguardando liberar
Aguardando ah …
a liberação do trecho lá
17 de fevereiro de 2024
Na Ronda
Douglas Germano – 17.02.2024
Na ronda
assopro na brasa,
marreta no berro,
a faca no cio
Na ronda
estalo no mato,
pancada na terra,
enxada no fio
Na ronda
é trilho de aço,
é trilha de guerra,
faísca e pavio
Na ronda
é forra no ato
acerto do trato
Com os ferros de Ogum
Ogum Yê! Patacuri Ogum Mô Yè!!!
Akoró
Mejé
Oniré
Ogum Yê! Patacuri Ogum Mô Yè!!!
Amené
Ogunjá
Alagbedé
A cabeça coroada, sentinela à mão a espada, Ogum
A cabeça coroada que nos guia pela estrada, Ogum
14 de abril de 2023
Maria-meu-bem
Douglas Germano / Roberto Didio - 10.04.2023
Maria-meu-bem, Faz-xodó
Ela é Fogosa também
Maria-meu-bem
Que apelido a pinga tem?
Cura-tudo, borbulhante, limpa-goela, teimosinha
Roxo-forte, manduraba, três-martelos, danadinha.
Bataclã, desmancha-samba, santa-branca, tinguaciba
Chica-boa, pau-no-burro, forra-peito, pindaíba
Januária, pé-de-briga, birinite, bagaceira
Preciosa, dona-branca, lanterneta, dormideira
Aguarrás, assina-ponto, perigosa, senhorinha
Talagada, lamparina, limpa-olho, caianinha
Amorosa, pau-selado, catiguenta e abrideira
Água-bruta, baronesa, já-começa, pau-pereira
Cascavel, desmanchadeira, engenhoca, guarupada
Meu-consolo, canha, óleo, água-benta, concentrada
Venenosa, linha-branca, caxaranga, danadinha
Café-branco, cumulaia, pringoméia, cipininha
Cobertor-de-pobre, uca, supupara, calibrina
Ariranha, lamparina, mamadeira, canjebrina
Monalisa, Lisa, Mona
Agua-benta e Vai além
Maria-meu-bem
Que apelido a pinga tem?
Bate fundo em Madureira
Dona Branca de Xerém
Maria-meu-bem
Que apelido a pinga tem?
Incha pé, Mamãe-sacode
Tetezinho do neném
Maria-meu-bem
Que apelido a pinga tem?
Comecei em Brás de Pina
Fui parar em Santarém
Maria-meu-bem
Que apelido a pinga tem?
10 de abril de 2023
Tem cada coisa...
Douglas Germano / Roberto Didio
Tem coisa que dá em todo lugar
Tem coisa que é muito difícil de achar
Tem coisa que dá em todo lugar
Tem coisa que é muito difícil de achar
Gente canalha e picareta
É coisa que dá em todo lugar
Aplique, trapaça, caô e mutreta
É coisa que dá em todo lugar
Mas procedimento leal e lisura
Palavra sem curva, noção e postura
Amigo de fato que dá pra contar
É coisa que é muito difícil de achar
Bola no pé do Zé Perneta
É coisa que dá em todo lugar
Aplique, trapaça, caô e mutreta
É coisa que dá em todo lugar
Mas chute bonito, golaço perfeito
Jogada de craque, chamando no peito
Boleiro de fato que sabe lançar
É coisa que é muito difícil de achar
Chope ruim na caldereta
É coisa que dá em todo lugar
Aplique, trapaça, caô e mutreta
É coisa que dá em todo lugar
Mas chope tirado com todo carinho
No copo dourado, pressão, colarinho
Aquele schinit que faz salivar
É coisa que é muito difícil de achar
Taco espirrado de veneta
É coisa que dá em todo lugar
Aplique, trapaça, caô e mutreta
É coisa que dá em todo lugar
Sinuca de bico, tabela no fundo
Que deixa bolado qualquer vagabundo
Aquela matada que para o bilhar!
É coisa que é muito difícil de achar
Verso sem força na caneta
É coisa que dá em todo lugar
Aplique, trapaça, caô e mutreta
É coisa que dá em todo lugar
Real partideiro que rima na hora
Que pensa ligeiro, que nunca decora
Malandro no samba que sabe versar
É coisa que é muito difícil de achar
Métrica para o improviso:
Loira de sobrancelha preta
É coisa que dá em todo lugar
Conta de bar na caderneta
É coisa que é muito difícil de achar
Chifre enfeitando a silhueta
É coisa que dá em todo lugar
Corner direto na gaveta
É coisa que é muito difícil de achar
Pobre jogado na sarjeta
É coisa que dá em todo lugar
Seca milhar na borboleta
É coisa que é muito difícil de achar
Canalhocrata na vinheta
É coisa que dá em todo lugar
Sax tenor que nem Proveta
É coisa que é muito difícil de achar
Pejí
Douglas Germano - 10.04.23
Para Roberta Oliveira
O meu sagrado pisou chão
O meu sagrado trabalhou
O meu sagrado construiu, forjou, cerziu, sangrou a mão
O meu sagrado teve cria
o meu sagrado foi de fé
Ao meu sagrado eu ergui esse Peji, a minha Sé
Malandro, boleiro, estiva , 171
Do bicho, do torno, do trem, da viração,
da obra, do cimento, do tormento, do rojão
O meu sagrado é humano, é profano...
é meu irmão!
Carola, biscate, boleira, vende avon
Rendeira, enfermeira, chofer de caminhão
Cozinha, benze, guia, conduz o pavilhão
O meu sagrado é humano, é profano...
é minha irmã!
16 de outubro de 2022
Desbancando Gordon Banks
(Douglas Germano / Luiz Antônio Simas - 08.09/2022)
Quando por três Tostão passa ciscando
Metendo caneta em Bobby Moore
A velha Albion cai no gramado do Jalisco
E a flecha, como um risco, entorta Excalibur.
Cruzada, a redonda vê o Rei
Soberano como o Manicongo
Que preciso como arqueiro zen
Sente o Furacão rente ao ombro
E a bola, rolada com brandura
Só espera a bomba do Miúra
Pra porrada que desbanque Gordon Banks
E é gol do sete marupiara!
Socam o ar os canários amarelos
Feito as ibejadas nos terreiros
No meio-dia de Guadalajara.
7 de maio de 2022
Jereco e Capucheta
Douglas Germano / Luiz Antonio Simas - 07.05.22
Cafifa, pandorga, pepeta
Piposa, cangula, curica
Morcego, banda de asa, duas varetas, suru.
Jereco e catreco fuleiras
Merrecas como a capucheta
De papel de pão.
Na Ilha da Madeira é joeira.
Pro alemão, sem cerol, é dragão.
Exu Mirim solta pipa na cachoeira
(Voou tá na mão seu moleque
Cortou, tá na mão.)
Avisa que vem o meganha
Debica como o menino
Batendo bronha:
A arte de beijar o céu
Com os pés no chão.
7 de abril de 2022
Ode do pode num pode
(Fábio Peron / Douglas Germano)
Aquilo pode
issaqui diz que num pode
acho até que, podê, pode,
mas é bom num arriscá, não
quando num pode, pode ser
que dê é bode
nem sei se bode pode
bodejar no baião
Um pode e num pode
de rachar o quengo
num tamo podendo nem palavrear
e quem diz que num pode
tudo tá podeno
e a gente só veno
ele se arrumá
Mas issaí num infrói
e também num contribói
Nós semo tudo da lida
trabáia que dói
é preto é branco é mané
de fé, pagão ou muié
Tudo explorado
que os homi
mói como quiser.
Mas issaí num infrói
e também num contribói
Nós semo tudo da lida
trabáia que dói
Larga desse cunversê
e manda o povo juntá
os homi vão é corrê
se a crasse se infezá!
6 de abril de 2022
A que tenha partido
(Alfredo Del-Penho / Douglas Germano)
Não vou embora
pra canto nenhum
viu, ó Mana?
Quem vai agora
em hora tardia,
há de voltar
Me entregar, não vou!
E quem fugiu verá
a minha cara, de cara,
aqui, quando chegar
Mana, eu nem tenho tempo pra rancor
Minha memória apenas gravou todo esse horror
Sei daquele que saiu e de quem já nos deixou, mana
Larga dessa matula, menina
Já disse que não vou.
4 de abril de 2022
Zelite
(Douglas Germano / Roberto Didio) 04.04.22
Faço fé
nesse povo que faz
Bicicleta certeira no gol
No trompete,
no sax, no jazz
No poema deitado no flow
Um direto
no queixo, caiu
Uma cesta de três pra fechar
A ginasta
no pódio subiu
Mas ralou no terrão pra chegar
A
Zelite não gosta de forró
A Zelite no samba, que caô
Ó
comadre Zelite, tenha dó
Paraíba, meu
bem
Zelador, popstar
Mas surfista de trem
Faz sertão
virar mar
Não carece sofrer
Pra se vangloriar
E
você?, quero ver!
Não consegue criar
Nada sabe fazer
Você
sempre foi de atrasar
Capoeira é que sabe girar, jurar,
vingar, gingar, jogar
Faço fé nesse povo que faz
Faz o
fole sorrir no baião
Dominguinhos, maestro sagaz
Era filho
de mestre Chicão
O moleque no pulo venceu
Na
corrida do ouro saltou
Mais um samba bonito nasceu
Um João
que João já cantou
A Zelite não gosta de forró
A
Zelite no samba, que caô
Ó comadre Zelite, tenha dó
Faço fé nesse povo que traz
Tudo isso no seu
matulão
E você tá querendo cartaz
Mas Zelite não
faz nada não
Sozinho
Sozinho (Douglas Germano - 04 de janeiro de 2000) Sozinho eu chego bem mais tarde Sozinho nunca fui covarde Sozinho eu leio meu jornal Soz...
-
Duas cartas são expostas. Normalmente, um valete e uma dama ou um ás. É um jogo para muitos jogadores ou para quantos couberem na mesa...
-
Criva a ideia em palavra. Cria a memória em movimento. Rito em tudo que se move: O que nós somos? O que nós fomos? E o que seremos?...