8 de dezembro de 2010

Os que vão ficar pelo salão e pela memória...

Manda teu endereço que eu vou te mandar em casa! Foi assim que me abordou. No dia seguinte o envelope amarelo do sedex chegou . Abri, curti a capa e coloquei pra ouvir já abrindo o encarte. Não consegui prestar atenção inicialmente, pois perdi a concentração ao perceber que a dupla assinava todas as músicas. Caramba, pensei comigo, há tempos não vejo isto. Há tempos, aliás, ouço grandes medalhões da música dizerem que “tem que garimpar muito pra achar música nova e boa, então gravamos chico”. Beleza, realmente tem que garimpar, mas no Brasil, digo sem medo de errar, esse garimpo vai ser na base do “em cada enxadada, uma minhoca”. Garimparam nada. As torres de marfim estão muito distantes do chão. E no chão é onde vivem Renato Martins e Roberto Didio. Depois destas rosnadas que dei sozinho em casa, voltei a atenção para as músicas. Começa a primeira e já me distraio novamente. Desta vez com a voz de Gabriel Cavalcante. Qualquer samba vai ficar bom vestido com aquele tímbre, sendo dito daquele jeito. Voltei para o repertório. De todas as músicas você recolhe algo transformador. Seja da pena de Didio, seja em alguns caminhos de harmonia do Renato e tudo muito bem dito, muito bem cantado pelo Gabriel. Enfim uma das funções da arte, não!? — Transformar, impulsionar, mover a cabeça da criatura. Tudo muito bem tocado, arranjado, uma beleza assinada por Patrick Ângelo. Eu que coleciono nos meus escaninhos os nomes que me foram importantes, sempre em duplas — Carica e Miltinho, Carica e Soró, Nadão e Ademir, Ideval e Zelão, Armando da Mangueira e Biguinho, João e Aldir, Bira e Catoni, Carlinhos Vergueiro e J. Petrolino — Acrescento o Martins e o Didio com todo o bloco que carregam. Claro, se for com a voz do Gabriel, melhor.

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